Mané X esperto (cordel de Iranil Azevedo)

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Um sujeito revoltado
Com o que a vida lhe fazia
Sentindo-se injustiçado
Dizia muita heresia

Chamavam ele  de  Mané
Pois parecia abestalhado
Não tinha sorte com mulher
Era um tremendo um azarado

Tratava as pessoas bem
E tinha resposta pronta
Se magoado por alguém
Dava-lhe o troco da conta

Um amigo do Mané
Achando-se muito astuto
Quis botá-lo no boné
Proferindo alguns insultos

Uma brincadeira de mau gosto
Que ao Mané magoou
Causando-lhe grande desgosto
E a amizade abalou

Houve troca de ofensa
Uma tremenda agonia
Parecia uma doença
O que um ao outro dizia

Dizia o amigo do Mané
Para vê-lo enraivado
Vou dançar e beber mé
Se tu morrer desgraçado

Vou chamar um sanfoneiro
Pra tocar a noite inteira
Faço festa no terreiro
Com comida e bebedeira

Vai ter uma moça bonita
Para servir o café
E ainda outra que grita
Viva a morte do Mané!

E na hora do enterro
Eu vou querer discursar
Vou mandá-lo pro inferno
Pois lá é o seu lugar

Mas, quem diz o que quer
Escuta o inusitado
E pra isso o Mané
Já estava preparado

Sem rebolo e sem tardança
Respondeu para o rival
Pode perder a esperança
De ir ao meu funeral

Porém quando tu morrer
E eu souber a notícia
Não irei aparecer
Nem por ordem da polícia

Vou esperar calmamente
Que cheguem o dia e a hora
De ver o choro dos seus parentes
Levando você embora

E se alguém perguntar
Por que não apareci
Tranquilo eu vou falar
Não foi porque me esqueci

E ainda vou explicar
Eu sou um cara sensato
No meu modo de pensar
Quem enterra fezes é gato.

Iranil J Azevedo
MACEIÓ – AL
TOQUE POÉTICO agradece a poetisa IRANIL AZEVEDO por autorizar  a publicação desse belíssimo cordel  em nosso blog. Valeu, Iranil!
(imagens ilustrativas)
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